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Cinema e literatura

Eu sou a lenda - Filmologia Literária

01/10/2014 - Taíla Quadros
#análise
É hoje! Hoje é dia de Filmologia Literária! Viva os filmes! Viva os neologismos! Viva as exclamações em excesso! #brinks
Então gente, no Filmologia deste mês, o Felipe Stoker traz para nós a análise do livro Eu sou a lenda e as suas três, eu disse TRÊS, adaptações para o cinema. Você sabia disso? Então dá uma olhada na análise e fica expert.
;D

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Eu Sou A Lenda é um livro escrito por Richard Matheson, que narra a trajetória de Robert Neville, em um mundo onde vive sozinho e precisa se proteger de criaturas estranhas que o perseguem.
Entendendo o autor:
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Richard Matheson é um dos mais consagrados escritores de ficção cientíca, já serviu de inspiração para Stephen King, escreveu roteiros para séries como Além da Imaginação e Histórias Extraordinárias, já teve seus livros adaptações para o cinema, começando com O Incrível Homem Que Encolheu, Encurralado (Steven Spielberg), Amor Além da Vida (Robin Williams), Em Algum Lugar do Passado (Christopher Reeve), dentre outros.
Todos os filmes abordam uma visão interessante do personagem principal, um homem que vive sozinho, pode ir a qualquer lugar e pegar o que quiser. Se no caminho furar o pneu do carro, ele pode trocar o carro, se quiser uma Ferrari, é só pegar. Mas há um detalhe! Tudo isso deve ser feito sob a luz do dia. De noite, seres monstruosos vão há sua caça, pelo simples fato de ele ser o único sobrevivente de sua espécie e ser imune ao vírus causador de toda a devastação.
Temos aqui, um possível papel de herói, que foi interpretado por grandes astros do cinema, como Vincent Price, Charlton Heston, Will Smith e Mark Dacascos, todos fazem esse personagem seguir à risca o descrito acima. Por tanto, ao ler o livro, você chega a conclusão, de que é o próprio personagem principal (Robert Neville) que causa as mortes, ao perceber isso, você entende o porquê do “Lenda” no título do livro.
O livro, lançado no ano de 1954, era uma das novidades que tratava do assunto “Ficção Científica pós-apocalíptica”, teve três adaptações cinematográficas que fizeram sucesso e uma adaptação direto em vídeo. Apesar de já ter sido adaptado várias vezes, nenhuma adaptação conseguiu ser realmente fiel ao livro.
02
Em 1964, dez anos após o sucesso do livro, acontecia a primeira adaptação cinematográfica, com o nome Mortos Que Matam (The Last Man on Earth), protagonizado pelo famoso ator Vincent Price. A direção e roteiro ficaram por conta de Ubaldo Ragona. Richard Matheson também foi um dos responsáveis pelo roteiro do filme e na época usava o pseudônimo de Logan Swanson. Esse filme possui elementos cruciais para um bom terror da década de 60: ser feito na Europa, estar em preto e branco e ser protagonizado por Vincent Price. Nesse filme, o sobrenome Neville foi alterado para Morgan. Segue um pouco o proposto pelo livro, mas dá pra perdoar, levando em conta que o escritor do livro é um dos roteiristas do filme.
Serviu de inspiração para George Romero criar A Noite dos Mortos Vivos (The Night of Living Dead), clássico eternizado que popularizou a temática “zumbi” que já é consagrada nos dias de hoje. Levando em conta que mortos-vivos tentam invadir uma casa de campo onde há um grupo de sobreviventes, nada diferente do filme com Price.
03
No ano de 1971, outra adaptação foi feita, dessa vez com o título A Última Esperança da Terra (The Omega Man) protagonizado por outro ícone do cinema, o famoso Charlton Heston, imortalizado no cinema por clássicos como Ben-Hur (vencedor de 11 Oscar), O Planeta dos Macacos, Os Dez Mandamentos e A Marca da Maldade (de Orson Welles), a direção fica por conta de Boris Sagal e o roteiro por conta do casal John e Joyce Corrington.
Com algumas diferenças referente ao filme anterior, esse filme conta com mais ação e também com ‘vampiros albinos’ que se denominam “A Família”, uma alusão a Charles Manson, pois o filme foi lançado alguns meses depois de seu julgamento e dos integrantes de sua “família”. O roteiro acerta bastante, apesar de não ser fiel ao filme anterior e nem tão fiel ao livro, o filme faz uma bela homenagem e mostra uma possível visão mais realista dos fatos. Vide que na versão anterior, tínhamos vampiros sedentes por sangue, aqui são seres que, se analisarmos mais a fundo, podemos ver algumas críticas a sociedade da época e alguns assuntos que estão tão em alta hoje em dia, como a racismo e até uma eminente Guerra. Ok, naquela época era Guerra Fria, de qualquer forma, não estamos tão distantes de um apocalipse nuclear.
Por que a palavra Ômega no título? Pois, no alfabeto grego, ômega é a última letra. Se traduzíssemos à risca o título para o português, seria “O Homem Ômega”. Que não difere muito da tradução escolhida.
04
E no ano de 2007, um blockbuster foi realizado, esperava-se ser a mais fiel adaptação ao livro, o nome permaneceu 100% fiel e foi só. Eu Sou A Lenda foi dirigido por Francis Lawrence (responsável por Constantine, aquela porcaria), roteiro de Mark Protosevich (A Cela), Akiva Goldsman (Uma Mente Brilhante) e a volta do casal John e Joyce Corrington. Conta no elenco com o Will Smith e a brasileira Alice Braga.
Eu pessoalmente tenho duas opiniões distintas sobre esse filme. É um bom filme e uma adaptação ruim. O filme migra de um horror com efeitos especiais a vai para um melodrama desnecessário. Para os fãs de ficção científica e que respeitam o trabalho de Mathison, esse filme foi um incômodo.
A premissa tem algumas diferenças, no anterior era tudo resultado do impacto de um conflito e nesse filme a catástrofe inicia por causa da manipulação de um vírus de laboratório criador de uma praga que se alastrou de forma colossal, acabando com a vida em quase todos os lugares e os sobreviventes se tornaram criaturas horrendas e agressivas, com fortes características vampirescas.
05
Ainda em 2007, uma produção de baixo orçamento com o nome de A Batalha dos Mortos (I Am Omega) foi realizada. Dirigido por Griff Furst, roteiro de Geoff Meed, que também está no elenco do filme, além do famoso Mark Dacascos (Esporte Sangrento, aquele filme sobre Capoeira). Aqui sim, o erro foi feio. Eu Sou A Lenda é um blockbuster e esse filme é um Mockbuster, o típico filme que queria ser um arrasa quarteirões, mas não teve verba. A produtora é a The Asylum, famosa por esse tipo de picaretagem, pesquise mais obre ela e verás.
Aqui, o nome do personagem é Renchard e não temos o background do seu personagem muito bem definido, só sabemos que ele sabe lutar. E a sua vantagens sobre os atores anteriores é essa. Ele se sai bem em cenas de ação e tem uma boa desenvoltura. O problema é o roteiro preguiçoso, onde não conseguimos entender direito o que aconteceu com a civilização, só sabemos que há um sobrevivente humano e outros que parecem mais humanos deformados. Devido ao baixo orçamento, várias cenas foram rodadas em lugares desertos e lugares urbanos ficaram em closes fechados, o contrário de seus anteriores. Filme que só deve ser visto se você quer realmente entender tudo sobre esse universo criado por Matheson.
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Felipe Stoker

felipe

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