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O Pequeno Príncipe - Resenha

06/10/2015 - Taíla Quadros
#filme #animação #resenha #livro #filmologia literária #cinema #O Pequeno Príncipe #Antoine de Saint-Exupéry

É tão misterioso o país das lágrimas.

"Não é sem apreensão que os amigos do Petit Prince o vêem, caído em terras do Brasil, correr aqui sua aventura. O homem de Estado, o homem de negócios, o geógrafo e até mesmo o gaurda-chaves (sem supeitar que são entrevistados no livro) afastarão o volume com desdém: livro para crianças!

 

Sem dúvida, as crianças o acolherão de braços abertos, porque elas são capazes de compreender tudo, mesmo os livros para gente grande. Pois temos a certeza de que se trata de um livro - e urgentíssimo! para adultos. "O Pequeno Príncipe" é uma fábula. Ou, se preferirmos, uma parábola. Não é um livro para crianças, porque traz justamente  mensagem da infância, a mensagem da criança. Essa criança que irromperá de repente no deserto do teu coração, a milhas e milhas de qualquer região habitada, - e na qual reconhecerás (ó progídio) os teus olhos, o teu riso, a tua alma de há vinte ou trinta anos. A menos que não queiras ver, na face do Pequeno Príncipe, a face de um outro, coroada com os espinhos da rosa...

 

Este livro é também um teste. É o verdadeiro desenho número 1. Se não o quiseres compreender, se não te interesssares pelo seu drama, aqui fica a sentença do Príncipe: "Tu não és um homem de verdade. Tu não passas de um cogumelo."

 

O Pequeno Príncipe é um daqueles livros que a gente nem sempre entende a profundidade na primeira leitura. No meu caso, isso foi há muito tempo, ainda na minha infância tive contato com a obra. O livro pertence à minha mãe e por ter pouco texto e imagens, acreditei que era um livro para crianças, mas a história nunca fez muito sentido para mim.

 

[Sempre achei que ele estava bravo com a raposa...]

 

Com o lançamento da animação (falo mais a respeito lá embaixo...) fiquei animada (dã) para ler o livro novamente e daí sim, tudo passou a fazer sentido ou pelo menos consegui interpretá-lo de uma forma que se encaixou no que eu passei a entender.

["É claro que eu te amo, disse-lhe a flor. Foi por minha culpa que não soubeste de nada."]

 

Uma história breve, delicada e com uma sensibilidade que muitas vezes passa desapercebida pelos nossos olhos grosseiros e simplistas. Dificilmente conheceremos pessoas assim, que consigam transmitir como o autor de forma simples e tão tocante as obviedades absurdas que os adultos levam como normais todos os dias. O ganhar dinheiro, o acumular, a vaidade, o vazio do poder, o reproduzir uma tarefa todos os dias sem sentido e que não te traz prazer algum, e por aí vai... Nunca pensamos nesses atos em sua essência, apenas fazemos porque tem que ser feito e nos esquecemos de cativar...

 

["A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."]

 

Esquecemos como fazer e cultivar amigos verdadeiros, ficamos procurando a nossa rosa perfeita entre todas as outras sem perceber que o que a faz especial é o que vivemos com ela, é o que ela nos faz sentir.

 

[E a sua rosa era igual a milhares de outras rosas.]

 

E as frases mais célebres do livro estão todas na mesma página:

- "...só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."

- "Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante."

- "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

 

Muitas situações de nossas vidas são expostas e nos fazem pensar no sentido de tudo isso. O que está presente também no filme...

 

O FILME

 

Toda a reflexão do livro está muito presente na animação. A estética do filme é um espetáculo a parte, o cuidado com os detalhes, a aparência dos personagens (que seguem as aquarelas feitas pelo próprio Saint-Exupéry). O que muda é o contexto em que a história é contada, como podemos perceber na sinopse do filme:

 

“Uma garota acaba de se mudar com a mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada. Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho, um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um asteroide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em plena Terra.”

 

Com uma ótica diferente, mas nem tanto assim, passamos a nos identificar com a menina que ouve a história do mesmo narrador do livro, o aviador. Além de o filme apresentar a história que se passa no livro, o longa vai mais adiante e apresenta uma reflexão sobre uma frase do próprio filme que deixa tudo mais explicadinho: "O problema não é crescer, é esquecer."

 

 

Vale muito a pena, tanto a leitura quanto o filme. O bom da animação para quem ficou com alguma dúvida é que tudo fica bem detalhado e é trazido para situações muito concretas para nós. E, para quem ficou se perguntando, sim, eu chorei. :p

 

 

Para quem quiser saber mais sobre a história, indico o site oficial do livro feito para o filme: clique aqui!

 

E para quem quer ficar curioso, o trailer:

O Pequeno Príncipe - Antoine de Sain-Exupéry - 95 páginas - Editora Agir

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