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Reflexão sobre os quase 30

15/06/2017 - Taíla Quadros
#texto de quinta #crônica #texto próprio #aniversário #texto do dia #texto da semana

Escrevo esse texto na virada dos meus 27 para 28 anos, está quase na hora e, quando chega mais perto, maior fica o turbilhão de emoções dentro de mim. Sempre adorei aniversários, de vida, de namoro, até de tempo de empresa, meus, dos meus amigos. Para mim cada conquista merece ser celebrada, mas nem todo mundo vê isso da mesma maneira e, às vezes, a nossa empolgação não encontra eco em nenhum lugar. A gente fica no vazio, no silêncio, esperando alguém nos ver. Com o passar dos últimos anos, muitas coisas mudaram em mim, muitas descobertas a meu respeito eu fiz e, por isso, esse sim é um texto totalmente pessoal, tudo aqui, mais do que nunca é sobre mim, cada palavra, cada letra, cada situação. Tudo. Absolutamente tudo na minha vida é sobre mim e tenho certeza que temos muito em comum.

 

Já está tarde e eu estou com sono, mas não vai ser hoje que eu vou cumprir a promessa de ir dormir mais cedo para acordar mais disposta, não, eu quero aproveitar todos os minutos desse dia que é só meu, que eu escolhi dedicar somente a mim.

 

Dessa vez a expectativa pelo aniversário não veio por alguma festa que eu organizei ou em saber que presentes eu vou ganhar. É o cagaço mesmo de tentar entender o que eu estou fazendo com a minha vida. Esse último ano tem sido de muita reflexão. Com 25 anos, minha mãe casou-se. Não casei com essa idade, ok. Agora, com 28 anos, minha mãe me deu a luz e hoje eu penso e agora? O que eu fiz até agora para ter valido a pena estar aqui?

 

Aprendi que não devemos nos comparar aos nossos pais, são outros tempos, tempos que mudaram muito rápido e uma realidade nova surge a cada nova descoberta, a cada novo aplicativo, a cada nova crise, a cada novo ataque. Onde eu estou no meio de tudo isso? O que eu fiz que realmente mudou algo? Será que algum dia chegarei a realizar algo que realmente fará a diferença? Estar chegando aos trinta anos é bem significativo para nós que no fundo temos como padrão os nossos pais que já estavam com a vida resolvida nessa idade, trabalho estável, casa própria, filhos. E eu? O que eu tenho? O que eu fiz?

 

Corri atrás de agumas coisas que eu queria realizar no último ano e vi que foi ir lá e fazer. Adiquiri mais responsabilidades e tenho percebido em mim um movimento de transformação bem significativo. Aprendi a olhar para mim e admitir o que realmente estou sentindo. Estou aprendendo a demonstrar os meus sentimentos para as pessoas, seja de amor, se raiva ou de saudade. Estou lutando todos os dias para me impor e vejo como é difícil cascender em um meio totalmente adverso, onde você não é o padrão esperado.

 

Tenho questionado todos os dias o ser mulher, o tornar-me mulher. Vejo cada vez mais que não são as unhas, as roupas ou a depilação. É o que eu construo dentro de mim. É me aceitar, me olhar no espelho do jeito que eu estiver e me amar, aceitar cada pedacinho do jeito que ele veio. É querer cuidar de mim, da minha saúde física e mental. Cada dia mais percebo os impactos das coisas que como no meu corpo e busco um equilíbrio, nada radical e sim, natural e pacífico. Percebi como me afastar de pessoas tóxicas e que projetam na gente os seus próprios problemas e frustrações me faz bem, me deixa leve e com um espaço dentro do peito que faz crescer mais amor. Não odeio quem diz me odiar ou quem se preocupa em achar os meus defeitos, quero aprender a perdoar e me libertar, pois o rancor é uma prisão muito dolorida. Infelizmente não podemos nos livrar de toda a toxicidade de uma vez só, a não ser que se faça de forma bruta, confesso que estou arrancando o band-aid bem devagarinho para eu me acostumar com a dor e a resistir a ela.

 

Vejo como a gente aprende com a vida, com o tempo e ao observar o outro. Ouvir faz a diferença sim, controlar os nossos julgamentos também. Nem tudo é o que parece, nem todos são os monstros que pintamos a primeira vista. Cada um tem sua história e um motivo para ser como é. Tenho aprendido o significado de qualidade de amigos e não quantidade. Toda essa transição tem sido dolorosa mesmo, entender e aceitar que as pessoas podem simpatizar com você, mas não necessariamente podem ou querem ser suas amigas e isso não é ódio ou desamor, significa que cada um tem o seu caminho para trilhar.

 

Aceitar, entender, compreender, dar voz ao diferente de mim. Ouvir a sua dor e respeitá-la. Eu sou o centro desse texto, mas não o centro do universo. Nada em mim é absoluto. Nada definitivo. Que o amor seja perene em todas as suas formas e como eu tenho descoberto novas formas de amar. Amar a mim, amar ao próximo, amar os animais, respeitar o vizinho, ajudar um colega, ter paciência com alguém. Paciência, essa é difícil, mas estou trabalhando todos os dias e as conquistas que tive até aqui me mostraram que o tempo é o senhor, não é quando eu quero, é como deve ser.

 

Estou em uma situação bem diferente da que imaginava que estaria há 10 anos atrás, ainda não conquistei tudo o que desejo, o tempo passa rápido em alguns momentos, mas parece que algumas conquistas demoram a chegar, mas também eu achei que seria uma linha reta, sem percalços. Ledo engano, muitas são as curvas, os desvios e os aprendizados que tive até aqui.

 

A cada dia aprendo mais e sei que tenho muito o que aprender. Pretendo encerrar alguns ciclos ir em busca de novos, aprender como chegar onde quero e aceitar que isso leva tempo e muitas vezes mais do que esperamos.

 

Não é o meu cabelo que importa, não é o esmalte, não é a aliança. É o que eu sou, o que me tornei e aonde quero chegar. Os desafios são muitos, as lutas, diárias, os desencontros também, mas a vida continua e o belo é viver, sentir e mudar todos os dias.

 

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